"STOP" (ou "Camioneta Para Casa"... Escolham vocês...)
Como o prometido é devido, aqui fica o textinho que escrevi há umas quantas semanas. Se gostarem, comentem... Se não gostarem, podem comentar também.
Vamos ver se começamos a falar-nos mais, pessoal! Dinamizar isto!...
Ah! "Shame on you", pessoal! O Bullions fez 4 anos e vocês não disseram nada! Estou magoado!
Ok. Nós também não dissemos nada, mas pronto... Fiquem lá com o textito. Espero que gostem!
Mais virão a partir de agora... espero!
Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
Peace ;p
Segue a "obra":
A noite já caiu, e ainda nem são oito horas. É um sinal de que o Verão está acabado e o Outono já se começa a instalar.
A camioneta vai rápida mas surpreendentemente suave pelas vias em mau estado. Não vai cheia, nem nada que se pareça... É uma pequena amostra de uma população multi-cultural de Loures que volta agora a casa.
Lá fora, as luzes alaranjadas dos candeeiros iluminam toscamente o pavimento ainda molhado da chuva que não há muito tempo caía.
Ao fundo ouve-se baixinho o rádio da camioneta que passa música portuguesa dos anos 90. Ouve-se uma música que me faz pensar na minha infância e que, apesar de conhecer bem, não me recordo do título nem do nome do grupo a que pertencia.
Ainda há pouco, na fila para a camioneta, uma rapariga simpática e até bonita trocava olhares comigo até me vir perguntar pelo caminho que levava aquela carreira. Respondi da forma simpática com que tento sempre falar às pessoas. Há uns meses teria ficado interessado e provavelmente dado mais importância àquela interacção com a simpática rapariga desconhecida, mas hoje o meu coração já tem dona, por isso sigo a minha vida.
Agora, de cabeça encostada ao vidro e observando filas, luzes, escapes e pessoas que voltam de onde vieram quando o sol tinha nascido há pouco tempo, começo a pensar na vida. Na velocidade com que se passam etapas que dávamos quase como eternas.
Dou por mim a pensar: "O que sou eu, agora?!"
Chego à conclusão que, durante toda a nossa vida, passamos o tempo a procurar fazer parte de algo.
Começamos por procurar fazer parte da família, imitando os adultos e integrando-nos com pais e irmãos. Depois queremos fazer parte de grupos de amigos, de uma massa apoiante de algo (através de clubes de futebol).
Queremos fazer parte da nossa turma, na escola, mas achamos a escola em si uma seca... A turma é o primeiro grupo, depois da família, em que várias pessoas estão juntas com objectivos semelhantes, e que se une com a ajuda da formação de laços de amizade, picardias e, às vezes, paixões. Mas, mal ou bem, todos queremos passar de ano, e despachar esta vida que nos parece uma seca, quando comparada à dos "independentes" adultos.
Mais tarde vamos para a faculdade, ou para uma escola técnica ou assim, onde tentamos preparar-nos para nos tornarmos, finalmente, completamente independentes!
Hoje a vida de estudante acabou. É o que penso.
Mas, no lugar da esperada felicidade da independência, está uma dúvida quase existencial:
"O que sou eu, agora?!"
Durante anos fiz parte de grupos grandes que nunca valorizei. As escolas. Não pensava nelas assim, com felicidade de fazer parte delas. Mas hoje sinto falta de pertencer assim a algo maior do que eu. Maior do que nós. Algo que representamos juntamente com muitas mais pessoas que, às vezes, nem conhecemos.
Por momentos sinto um vazio no peito, mas depois vejo uma publicidade que me soa quase a casa. E penso:
É isso. É isso que eu sou. Sou parte de uma grande empresa. Sou parte de uma grande equipa que trabalha afincadamente para que os clientes dessa grande empresa tenham acesso a uma imagem cada vez mais forte, a aplicações (como o site da internet) cada vez mais intuitivas e fáceis de utilizar.
Seja por muito ou pouco tempo, a verdade é que faço parte de algo. E que trabalho juntamente com muitas e muitas pessoas para um objectivo comum que ultrapassa o ordenado no final do mês.
Sou uma peça numa grande engrenagem. Talvez gostasse de ser mais importante e mais notado, mas o que é certo é que faço parte de algo que me soa a uma casa fora de casa.
O peito fica mais leve e esboço um sorriso.
Quando dou por mim, estou em casa. "STOP".