sábado, 23 de junho de 2007

E de um sonho nasceu Spider-Man

Howdy, people!

Desde o primeiro filme de Spider-Man que tenciono esclarecer aqui algumas coisas para quem não conhece a história original e está agora a conhecer o "trepador de paredes" apenas através dos "blockbusters" da 7ª arte.
Com o Spider-Man 2 a coisa até esteve mais ou menos, com um grande filme e a história a ser apenas ligeiramente mais deturpada que no primeiro. Mas depois de ver o último filme, Spider-Man 3... Meu Deus!!! É um dever cívico meu. É o meu dever como "true believer" (nome dado por Stan Lee aos leitores e seguidores das suas sagas na Marvel Comics), de repor a verdade!

Assim, seguindo a onda da postagem E de um sonho nasceu Superman, aqui está esta pequena síntese que pretende dizer apenas quem é o Homem-Aranha, e rectificar alguns pontos mal apresentados nos filmes.

Spider-Man foi uma das primeiras grandes criações de Stanley Martin Lieber (nascido em Nova Iorque, a 28 de Dezembro de 1922) ou, como é conhecido, Stan Lee, com a colaboração do desenhador Steve Ditko.
A par de outro grande desenhador, Jack Kirby, Stan Lee criou outros grandes êxitos como X-Men, Hulk e Quarteto Fantástico (anterior a Spider-Man).

Voltando ao "cabeça de teia", foi criado a pensar em fazer um super-herói que, sendo um adolescente a viver em Queens (Nova Iorque), tivesse problemas e características reais dos adolescentes e, consequentemente, um super-herói com o qual os leitores (jovens, na sua esmagadora maioria) se identificassem.

Assim, em 1962, na história Spider-Man!, é-nos apresentado Peter Parker, um jovem aspirante a fotógrafo mas com grande apetência para a Ciência (nomeadamente para a Química), que vive com os tios numa casa normal para uma família de classe média, no bairro de Queens (como já foi referido).
No liceu, Peter é excluído pelos outros por ser demasiado estudioso. Entendido como marrão, é gozado e humilhado constantemente pelos mais populares da comunidade escolar, como Flash Thompson.

Depois de ser picado por uma aranha geneticamente alterada numa demonstração de controle de energia atómica, numa exposição de ciência a que atendeu sozinho, Peter começa a descobrir novas habilidades: é capaz de trepar por superfícies lisas e tem força e agilidade sobre-humanas.
(Não! Não lança teias... ainda!)

Para ganhar dinheiro, aproveita as suas habilidades e inscreve-se num torneio de luta livre. Lá é descoberto por um produtor de programas de televisão que lhe propõe ser uma estrela. Para o programa de TV, Peter cria um fato e uma mistura (usando os seus conhecimentos científicos) à base de cimento, para simular uma teia. Desenvolve também umas braceletes com um sistema de disparo preparado para a substância que desenvolveu.

Com o sucesso na TV, torna-se uma estrela e isso sobe-lhe à cabeça. Começa a mostrar-se egocêntrico e isso leva-o mesmo, um dia, à saída das gravações, a deixar escapar um ladrão que um polícia perseguia, mesmo depois de este lhe ter pedido para que o ajudasse a prendê-lo.
Nessa noite sabe da morte do Tio Ben (com quem vive) e parte enfurecido em busca do assassino. Quando o encontra, vê que se trata do homem que deixou escapar nos estúdios de TV e culpa-se pela morte do ente querido. Deixa, ainda assim, o bandido suspenso numa das suas "teias" para que a polícia o apanhe (não o mata, como no primeiro filme nos mostram).
É nesse estado, perturbado pela responsabilidade que sente na morte do Tio Ben, que Peter Parker se torna definitivamente o Homem-Aranha, defensor dos oprimidos e guardião de Nova Iorque.

Saltando uns anos, aparece o Green Goblin - ou Duende Verde - (Norman Osborn, pai de Harry que é colega de Peter) que fica a conhecer a identidade secreta do herói durante um combate.
Por esta altura, Gwen Stacy, namorada de Flash Thompson (fora do país em serviço militar) e colega de Parker começa a mostrar interesse por Peter e pela sua personalidade correcta e, ao mesmo tempo, engraçada, e pela sua inteligência. Outra colega de liceu de Parker é Mary Jane Watson, uma mulher sensual, provocadora e dominadora, de personalidade muito vincada, que viria a vingar como modelo (nada do que nos é mostrado no filme com a fraca personagem interpretada por Kirsten Dunst... que também não foi lá grande escolha).
Pouco tempo depois, Peter começa a namorar Gwen Stacy que se torna no primeiro grande amor do herói (quiçá o único).

Alguns anos depois, Green Goblin decide atacar Spider-Man (que já sabe tratar-se de Peter Parker, colega do filho). Para isso rapta Gwen, sabendo ser sua namorada, e leva-a para a Ponte de Brooklyn. À chegada do justiceiro, o vilão atira Gwen da ponte abaixo, e Spider-Man usa a teia para a impedir de cair, segurando-a pela perna. O problema é que a repentina inversão do movimento da queda faz com que o pescoço da jovem estale. Ao puxá-la para cima, Peter percebe que a sua namorada está morta e, desesperado e enfurecido, ataca o Duende desenfreadamente à procura de vingança, quase chegando a matá-lo. Norman acaba, no entanto, por morrer no seguimento da luta, através do seu Goblin Glider (planador criado pela Oscorp para fins bélicos) que tentava usar para matar Peter.

A morte de Gwen Stacy é um ponto de viragem na história da Banda Desenhada norte-americana e, naturalmente, na história do Homem-Aranha. Gwen não era só a namorada de Peter Parker, mas também a "namorada" dos fãs, sendo que era talvez a personagem mais querida dos leitores dentro do universo de Spider-Man. Depois de a Marvel ter morto a loirinha, milhares de fãs mostraram o seu descontentamento em cartas enfurecidas para a editora.

Hoje, Gwen Stacy é, das mortes definitivas (até agora) nos livros do Spider-Man, a que mais falta fez ao herói e aos fãs, sendo uma personagem recordada com saudade e pesar pelos leitores, quase como se se tratasse de uma pessoa verdadeira, e não de uma personagem fictícia.

No entanto, toda esta magia e importância de Gwen foi-lhe arrancada na versão cinematográfica de Spider-Man. Como devem estar a lembrar-se (depois até de lerem a descrição da morte de Gwen Stacy), há uma cena justamente com o Green Goblin, na Ponte de Brooklyn, em que MJ é derrubada pelo vilão e Spider-Man a salva. Isto foi claramente arrancado à história da morte de Gwen, com as alterações nos factos de ser MJ, e não Gwen, a rapariga em apuros, e de a rapariga não morrer.

Continuando na história original, só algum tempo depois deste capítulo da morte de Gwen Stacy - que marca o final da Era de Prata do Spider-Man - é que Mary Jane, amiga próxima de Gwen, acaba por tomar o seu lugar na vida do herói, tendo sido ela a reconfortá-lo no que toca à morte do seu grande (e talvez único) amor.

Quanto ao resto da história... Nunca mais daqui saía...
Mas em relação aos personagens do 3º filme (e já explicado o atrofio temporal na presença de Gwen nesta sequela), destaco a curta presença de Venom, que é um dos vilões com maior longevidade e importância na história do Homem-Aranha a longo prazo, e a morte do Hobgoblin (Harry Osborn), outra personagem que ainda hoje faz parte do grupo de vilões mais importantes do "trepador de paredes"...
Depois, tal como Kirsten Dunst para Mary Jane Wat
son, a escolha de Topher Grace para interpretar Eddie Brock (Venom) está longe de ser perfeita, não pela representação - pois nesse aspecto não tenho nada a dizer do actor, que fez um excelente trabalho - mas quem já leu a BD ou, pelo menos, viu a série de TV, sabe que Eddie é suposto ser alto (enorme), musculado e atlético. É aí que peca Topher Grace, que está longe disso tudo.

Enfim, são passagens de Bandas Desenhadas para filmes... Já devíamos estar habituados, não é?!
Alguma dúvida em relação a pormenores que achem de interesse saber sobre o "friendly neighbour, Spider-Man", é só perguntar (mandem e-mail para o Bullions ou, simplesmente, comentem este artigo). Terei todo o gosto em responder,... se puder.
Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
Peace ;p

PS: A 1ª e 3ª imagens são de minha autoria, e a 2ª é do mestre John Romita Jr.

"O Meu Coração Não Tem Cor" (Lúcia Moniz no XXXII Festival RTP da Canção, em 1996)

Howdy, people!
Para fazer um suportezito ao Beat Bullions (ver na barra lateral do blogue) desta semana, aqui fica a letra da canção interpretada brilhantemente pela nossa bela e talentosa Lúcia Moniz:

"Andamos todos a rodar na roda antiga
Cantando nesta língua que é de mel e de sal
O que está longe fica perto nas cantigas
Que fazem uma festa tricontinental

Dança-se o samba, a marrabenta também
Chora-se o fado, rola-se a coladeira
P'la porta aberta pode entrar sempre alguém
Se está cansado, diz adeus à canseira

Vai a correr o corridinho
Que é bem mandado e saltadinho
E rasga o funaná, faz força no malhão
Que a gente vai dançar sem se atrapalhar
No descompasso deste coração

E como é? E como é? E como é?
Vai de roda minha gente, vamos todos dar ao pé

Estamos de maré, vamos dançar
Vem juntar o teu ao meu sabor
Põe esta canção a navegar
Que o meu coração não tem cor

Estamos de maré, vamos dançar
Vem juntar o teu ao meu sabor
Põe esta canção a navegar
Que o meu coração não tem cor

Andamos todos na ciranda cirandeira
Preguiça doce e boa, vai de lá, vai de cá
Na nossa boca uma saudade desordeira
De figo, de papaia e de guaraná

Vira-se o vira e o merengue também
Chora-se a morna, solta-se a sapateia
P'la porta aberta pode entrar sempre alguém
Que a gente gosta de ter a casa cheia

Vamos dançar este bailinho
Traz a sanfona, o cavaquinho
A chula vai pular nas voltas do baião
Que a gente vai dançar sem se atrapalhar
No descompasso deste coração

E como é? E como é? E como é?
Vai de roda minha gente, vamos todos dar ao pé

Estamos de maré, vamos dançar
Vem juntar o teu ao meu sabor
Põe esta canção a navegar
Que o meu coração não tem cor

Estamos de maré, vamos dançar
Vem juntar o teu ao meu sabor
Põe esta canção a navegar
Que o meu coração não tem cor

Hey!
(E vai de volta, vai de volta, p'ra acabar)
Que o meu coração não tem cor"

Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
Peace ;p


Fonte: http://www.eurosong.net/song.php?ID=1996pt

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Para a próxima...

Depois de esticar o braço e conseguir que o motorista pare e abra a porta, entro no autocarro... Junto da maquineta, passo o "7colinas":
- "Biiiiiiiiiiiip!!!"
Passo o "7colinas" outra vez e,...:
- "Biiiiiiiiiiiip!!!"
Passo o "7colinas" mais uma vez e,...:
- "Biiiiiiiiiiiip!!!"

Sem alterar a expressão facial pacífica com que cruzo normalmente as ruas, grito:
- "Ai o c*r*lh*!!! Queres ver que nos vamos chatear, cartão de m*rd*?!"
(Mas para dentro, claro!)

Volto a passar o "7colinas":
- "Bip-bip!"

- "Teve medo" - penso eu. Sentado no meu lugar, vou fazendo o reconhecimento dos ocupantes do autocarro...

Alguém se senta à minha frente!!! É linda!!!
Vai a olhar para a janela, e num daqueles desprezados lugares "de costas", onde não podemos ver senão o que já passou. Ao contrário do resto do autocarro, há 4 pessoas que vêem o caminho assim... Não o que está para vir, mas o que já passou. Há até quem enjoe naqueles lugares. Talvez por ver as coisas a andar ao contrário, não sei.
Não é o caso dela. Pelo menos não parece... Vai com uma expressão de paz!
Aquela cara de quem está a olhar mais fundo do que vê. De quem olha para uma parede mas vê um imenso mundo alternativo. Um mundo de fantasia... Ou então um mundo de acontecimentos passados, onde lembramos aquilo que nos aconteceu.
Pensando bem... Ela vê na direcção em que olha, mas não no mesmo sentido.
Está a ver para dentro. Conheço bem a sensação!

Por momentos, parece voltar ao autocarro. Olha em redor e, de repente...
- "Bolas! Ela apanhou-me!"
Durante segundos sinto vergonha, mas... Ela sorri. Não para fora. Mas para dentro, sinto que ela sorri!
Fugimos um do outro sem sair dos nossos lugares. Apanho o olhar dela na minha direcção por várias vezes. Quase tantas quantas me deixo apanhar.
Cada um dos dois quer olhar.
Cada um dos dois sabe que o outro também quer olhar.
E cada um dos dois sabe perfeitamente que o outro também sabe.
No entanto, nenhum dos dois quer que o outro o veja a olhar.
Estamos nisto por quase 20 minutos. De vez em quando, lá escapam os olhos de volta para ela. E os dela também.
Não quer dizer nada... Mas ela é bem gira!... E, de vez em quando, olha para mim e sorri!
Para dentro, mas sei que sorri!
Ganhei o dia... Mas nenhum de nós se atreve sequer a dirigir a palavra ao outro.
As nossas bocas estão a uns dois metros, uma da outra.
No entanto, ninguém diz nada!

Aliás, se o Homem é um animal social, isso não se vê neste autocarro!
Estão umas 50 pessoas a viajar no mesmo veículo, mas ninguém "mete conversa" com ninguém! À excepção, claro, das duas cabo-verdianas que vão lá atrás a falar crioulo e do motorista e revisor a quem não apetece rever nada naquele momento.

A dada altura, entra um senhor com os seus 70 anos.
Passando da entrada, de bengala numa mão e sorriso de avô solta um "Bom dia!" claramente direccionado aos restantes ocupantes do autocarro... Ninguém responde!
Consegue apenas tornar-se o destino de quase todos os olhares durante segundos, enquanto arranja um lugar vazio lá atrás, no meio do autocarro.
As pessoas olham com aquela cara... Não a de quem vê para dentro, mas a de quem pensa: "Coitado! É maluco! Espero que não se sente ao pé de mim!".
Já lá vai o tempo em que era normal este tipo de delicadeza. Hoje em dia toda a gente vai nos transportes e na rua com milhares de pessoas à volta mas, na realidade, vamos sozinhos. Não é como antigamente.

Só que, de repente - surpresa das surpresas - há uma resposta ao simpático senhor...
- "Oiá! ("olá" em bebeguês)" - diz uma menina com os seus 3 ou 4 anos, de totós na cabeça.
Que chapada na falta de educação de todos à volta!
Fiquei tão embasbacado que nem reparei na minha parceira de viagem a levantar-se e a carregar no "stop".
Olho para cima e cruzamos olhares. Ela sorri... Para fora! Desta vez sorri para fora!
Por momentos tive uma doce e linda rapariga a olhar-me nos olhos e a sorrir-me, antes de sair do autocarro. Nem acredito!
Fosse eu um cubo de gelo e já estava derretido...


- "Para a próxima falo! Para a próxima... eu falo!" - penso, tentando interiorizar a lição que a menina de 3 anos, lá atrás, nos deu a todos...
Para a próxima...!

Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
Peace ;p