domingo, 18 de fevereiro de 2007

"SIM"!!!... Mas pouco!

No passado dia 11 de Fevereiro de 2007, Domingo, foi feita aos portugueses uma pergunta simples:

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Lembrando o que tinha sucedido em 1998, quando ouvi as primeiras projecções referentes apenas aos níveis de abstenção, tive medo... Medo de que a história se repetisse...
(Lembro que, em 1998, apesar de as sondagens darem a vitória ao "Sim", apenas cerca de 30% dos eleitores foi às urnas, e o "Não" ganhou...)
Mas nesse dia, por volta das 20h30, houve uma alegria irracional que me dominou e se sobrepôs
à raiva que tinha já a cerca de 56% do eleitorado nacional. As primeiras projecções, normalmente acertadas, davam a vitória ao "Sim"!!!
Na televisão, em directo dos "quartéis generais" dos dois movimentos, havia quem gritasse "Vitória!" como se tivesse ganho a Liga dos Campeões, e quem amuasse como se a tivesse perdido nos "penaltys"... Isto reacendeu um pouco da raiva que tinha vindo a crescer com as campanhas extremistas e demagógicas dos dois movimentos, em especial do "Não", e que tinha sido reforçada com os níveis de abstenção.
Transformava-se o pouco que ainda sobrava de um assunto sério, em mais uma competição partidária.

Saíram então os números oficiais:

Sim = 59,2%
Não = 40,8%

Não fosse eu saber que "Sim" era uma resposta a um referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, acharia que o "Sim" acabava de ser Campeão...
E nas conclusões finais as campanhas transformaram-se e a falta de seriedade tornou-se quase geral, com excepção, imaginem, no discurso dos "Não Obrigada", que falaram do que tinha de ser feito a nível de apoio e aconselhamento às mães em dificuldades.
Falou-se então na abstenção... Nas sedes dos partidos elogiava-se o "visivelmente crescente sentido cívico dos portugueses", devido à descida da taxa de abstenção de 68,1% (1998) para 56,4%...
"Sentido Cívico"?!?!
Mas qual "sentido cívico"?!
Mais de metade dos eleitores deste país achou que tinha coisas mais importantes para fazer do que perder uns míseros 15 minutos (ou até menos) para ir às urnas cumprir o seu dever, e falam de "sentido cívico"?!
Fico abismado com tal capacidade de "lambe-botismo" por parte dos partidos políticos...

Em jeito de conclusão, destaco duas coisas deste referendo que dividiu a sociedade portuguesa, trazendo discussões sérias (na medida do possível) à praça pública:

1) Felizmente ganhou a proposta mais séria e realista, e a lei pode, finalmente, mudar...

2) Infelizmente continuamos a ter um país pobre, culturalmente falando!...
Apenas 44,6% do eleitorado cumpriu o seu dever, e fico muito triste com o facto de termos tido mais uma mostra do verdadeiro problema da nação... E não!... Não são os políticos!...
É o povo!!!
Nós somos o problema!
Se não mudarmos como cidadãos, como pessoas e como portugueses, o país não sairá do buraco onde está metido!
Reflecte sobre isso, meu Portugal!

Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
Peace ;p

1 comentário:

Anónimo disse...

Hoje finalmente tive tempo de ver com atenção os teus artigos no blog, e como sempre acho que estão giros, incuindo o do Dakar e o do Fehér, quanto ao referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, eu da primeira vez votei não pois sou de todo contra o aborto, mas depois de ver que não se fez nada para melhorar a situação das mães solteiras que para criarem um filho sózinhas passam por graves dificuldades e continuando a haver mulheres que nas camadas mais pobres encobriam a gravidez até ao fim e depois tinham os filhos sózinhas correndo graves riscos de vida e depois os deitavam no lixo, enterravan-nos, etc, isso sim é um grande crime. Como é que um governo que não dando apoio necessario as estas mulheres pode depois penaliza-las, levando-as a julgamento sabendo que uma grande percentagem de mulheres com possibilidades económicas que possivelmente agora foram votar não, o iam fezer a Espanha com a maior das facilidades e nada lhes acontecia, por isso desta vez votei sim esperando acima de tudo que sejam criadas condições de apoio ás mulheres que querem ter os seus filhos não tendo dinheiro para os sustentar e penalizar sim severamente todos aqueles que maltratam crianças, chegam a matá-las aos olhos de toda a gente e apesar das denúncias de educadores o governo não faz nada a tempo de o impedir. Vitoria