E de um sonho nasceu Spider-Man
Howdy, people!
Desde o primeiro filme de Spider-Man que tenciono esclarecer aqui algumas coisas para quem não conhece a história original e está agora a conhecer o "trepador de paredes" apenas através dos "blockbusters" da 7ª arte.
Com o Spider-Man 2 a coisa até esteve mais ou menos, com um grande filme e a história a ser apenas ligeiramente mais deturpada que no primeiro. Mas depois de ver o último filme, Spider-Man 3... Meu Deus!!! É um dever cívico meu. É o meu dever como "true believer" (nome dado por Stan Lee aos leitores e seguidores das suas sagas na Marvel Comics), de repor a verdade!
Assim, seguindo a onda da postagem E de um sonho nasceu Superman, aqui está esta pequena síntese que pretende dizer apenas quem é o Homem-Aranha, e rectificar alguns pontos mal apresentados nos filmes.
Spider-Man foi uma das primeiras grandes criações de Stanley Martin Lieber (nascido em Nova Iorque, a 28 de Dezembro de 1922) ou, como é conhecido, Stan Lee, com a colaboração do desenhador Steve Ditko.
A par de outro grande desenhador, Jack Kirby, Stan Lee criou outros grandes êxitos como X-Men, Hulk e Quarteto Fantástico (anterior a Spider-Man).
Voltando ao "cabeça de teia", foi criado a pensar em fazer um super-herói que, sendo um adolescente a viver em Queens (Nova Iorque), tivesse problemas e características reais dos adolescentes e, consequentemente, um super-herói com o qual os leitores (jovens, na sua esmagadora maioria) se identificassem.
Assim, em 1962, na história Spider-Man!, é-nos apresentado Peter Parker, um jovem aspirante a fotógrafo mas com grande apetência para a Ciência (nomeadamente para a Química), que vive com os tios numa casa normal para uma família de classe média, no bairro de Queens (como já foi referido).
No liceu, Peter é excluído pelos outros por ser demasiado estudioso. Entendido como marrão, é gozado e humilhado constantemente pelos mais populares da comunidade escolar, como Flash Thompson.
Depois de ser picado por uma aranha geneticamente alterada numa demonstração de controle de energia atómica, numa exposição de ciência a que atendeu sozinho, Peter começa a descobrir novas habilidades: é capaz de trepar por superfícies lisas e tem força e agilidade sobre-humanas.
(Não! Não lança teias... ainda!)
Para ganhar dinheiro, aproveita as suas habilidades e inscreve-se num torneio de luta livre. Lá é descoberto por um produtor de programas de televisão que lhe propõe ser uma estrela. Para o programa de TV, Peter cria um fato e uma mistura (usando os seus conhecimentos científicos) à base de cimento, para simular uma teia. Desenvolve também umas braceletes com um sistema de disparo preparado para a substância que desenvolveu.
Com o sucesso na TV, torna-se uma estrela e isso sobe-lhe à cabeça. Começa a mostrar-se egocêntrico e isso leva-o mesmo, um dia, à saída das gravações, a deixar escapar um ladrão que um polícia perseguia, mesmo depois de este lhe ter pedido para que o ajudasse a prendê-lo.
Nessa noite sabe da morte do Tio Ben (com quem vive) e parte enfurecido em busca do assassino. Quando o encontra, vê que se trata do homem que deixou escapar nos estúdios de TV e culpa-se pela morte do ente querido. Deixa, ainda assim, o bandido suspenso numa das suas "teias" para que a polícia o apanhe (não o mata, como no primeiro filme nos mostram).
É nesse estado, perturbado pela responsabilidade que sente na morte do Tio Ben, que Peter Parker se torna definitivamente o Homem-Aranha, defensor dos oprimidos e guardião de Nova Iorque.
Saltando uns anos, aparece o Green Goblin - ou Duende Verde - (Norman Osborn, pai de Harry que é colega de Peter) que fica a conhecer a identidade secreta do herói durante um combate.
Por esta altura, Gwen Stacy, namorada de Flash Thompson (fora do país em serviço militar) e colega de Parker começa a mostrar interesse por Peter e pela sua personalidade correcta e, ao mesmo tempo, engraçada, e pela sua inteligência. Outra colega de liceu de Parker é Mary Jane Watson, uma mulher sensual, provocadora e dominadora, de personalidade muito vincada, que viria a vingar como modelo (nada do que nos é mostrado no filme com a fraca personagem interpretada por Kirsten Dunst... que também não foi lá grande escolha).
Pouco tempo depois, Peter começa a namorar Gwen Stacy que se torna no primeiro grande amor do herói (quiçá o único).
Alguns anos depois, Green Goblin decide atacar Spider-Man (que já sabe tratar-se de Peter Parker, colega do filho). Para isso rapta Gwen, sabendo ser sua namorada, e leva-a para a Ponte de Brooklyn. À chegada do justiceiro, o vilão atira Gwen da ponte abaixo, e Spider-Man usa a teia para a impedir de cair, segurando-a pela perna. O problema é que a repentina inversão do movimento da queda faz com que o pescoço da jovem estale. Ao puxá-la para cima, Peter percebe que a sua namorada está morta e, desesperado e enfurecido, ataca o Duende desenfreadamente à procura de vingança, quase chegando a matá-lo. Norman acaba, no entanto, por morrer no seguimento da luta, através do seu Goblin Glider (planador criado pela Oscorp para fins bélicos) que tentava usar para matar Peter.
A morte de Gwen Stacy é um ponto de viragem na história da Banda Desenhada norte-americana e, naturalmente, na história do Homem-Aranha. Gwen não era só a namorada de Peter Parker, mas também a "namorada" dos fãs, sendo que era talvez a personagem mais querida dos leitores dentro do universo de Spider-Man. Depois de a Marvel ter morto a loirinha, milhares de fãs mostraram o seu descontentamento em cartas enfurecidas para a editora.
Hoje, Gwen Stacy é, das mortes definitivas (até agora) nos livros do Spider-Man, a que mais falta fez ao herói e aos fãs, sendo uma personagem recordada com saudade e pesar pelos leitores, quase como se se tratasse de uma pessoa verdadeira, e não de uma personagem fictícia.
No entanto, toda esta magia e importância de Gwen foi-lhe arrancada na versão cinematográfica de Spider-Man. Como devem estar a lembrar-se (depois até de lerem a descrição da morte de Gwen Stacy), há uma cena justamente com o Green Goblin, na Ponte de Brooklyn, em que MJ é derrubada pelo vilão e Spider-Man a salva. Isto foi claramente arrancado à história da morte de Gwen, com as alterações nos factos de ser MJ, e não Gwen, a rapariga em apuros, e de a rapariga não morrer.
Continuando na história original, só algum tempo depois deste capítulo da morte de Gwen Stacy - que marca o final da Era de Prata do Spider-Man - é que Mary Jane, amiga próxima de Gwen, acaba por tomar o seu lugar na vida do herói, tendo sido ela a reconfortá-lo no que toca à morte do seu grande (e talvez único) amor.
Quanto ao resto da história... Nunca mais daqui saía...
Mas em relação aos personagens do 3º filme (e já explicado o atrofio temporal na presença de Gwen nesta sequela), destaco a curta presença de Venom, que é um dos vilões com maior longevidade e importância na história do Homem-Aranha a longo prazo, e a morte do Hobgoblin (Harry Osborn), outra personagem que ainda hoje faz parte do grupo de vilões mais importantes do "trepador de paredes"...
Depois, tal como Kirsten Dunst para Mary Jane Watson, a escolha de Topher Grace para interpretar Eddie Brock (Venom) está longe de ser perfeita, não pela representação - pois nesse aspecto não tenho nada a dizer do actor, que fez um excelente trabalho - mas quem já leu a BD ou, pelo menos, viu a série de TV, sabe que Eddie é suposto ser alto (enorme), musculado e atlético. É aí que peca Topher Grace, que está longe disso tudo.
Enfim, são passagens de Bandas Desenhadas para filmes... Já devíamos estar habituados, não é?!
Alguma dúvida em relação a pormenores que achem de interesse saber sobre o "friendly neighbour, Spider-Man", é só perguntar (mandem e-mail para o Bullions ou, simplesmente, comentem este artigo). Terei todo o gosto em responder,... se puder.
Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
Peace ;p
PS: A 1ª e 3ª imagens são de minha autoria, e a 2ª é do mestre John Romita Jr.